“Certas
dietas vegetarianas estão associadas a reduções em todas as causas da [morte],
bem como algumas causas específicas, incluindo doença cardíaca, doença renal,
mortes relacionadas ao sistema endócrino e morte relacionada a outras doenças,
como diabetes”, disse o pesquisador Dr. Michael Orlich, especialista em
medicina preventiva na Universidade de Loma Linda, em Loma Linda, Califórnia.
A
grande questão que fica é por quê. Infelizmente, o estudo não foi desenhado
para responder isso. Orlich observou: “Reduções de carne na dieta vegetariana
podem ser parte da razão, mas também pode ser devido a maior quantidade de
alimentos de origem vegetal”. Por fim, também é possível que os vegetarianos
levem vidas mais saudáveis no geral.
Para
o estudo, os pesquisadores usaram um questionário para avaliar os padrões
alimentares e escolheram homens e mulheres que aderiram a uma das cinco dietas:
não vegetarianos, semi-vegetarianos (comem carne ou peixe não mais do que uma
vez por semana); pesco- vegetarianos (consome frutos do mar);
ovo-lacto-vegetarianos (inclui produtos lácteos e ovos) e veganos, que não comem
qualquer produto de origem animal.
Durante
o tempo do estudo, que durou mais de cinco anos, 2.570 pessoas morreram. Os
vegetarianos eram cerca de 12% do grupo com menor probabilidade de morrer de
qualquer causa do que os consumidores de carne. E a vantagem de sobrevivência
parecia ser mais forte nos homens do que nas mulheres.
Além
disso, os pesquisadores notaram que os vegetarianos tendem a ser mais velhos
(com uma expectativa de vida maior) e mais educados, a realizar mais atividade
física e menos propensos a beber álcool ou fumar do que os carnívoros.
O
estudo também não identificou qual o tipo de dieta vegetariana fornece o maior
benefício de sobrevivência, porque foram comparadas apenas com dietas não
vegetarianas, e não umas com as outras.
A
equipe de pesquisadores agora planeja examinar os padrões de consumo de
alimentos observados em cada dieta vegetariana. “Queremos ver o que eles comem
mais ou menos, e, em seguida, investigar o efeito sobre a mortalidade ou
associada a alimentos específicos, que representam a maior parte desta
associação aparente. É a falta de carne a grande questão, ou é a quantidade de
alimentos de origem vegetal a responsável?”, disse Orlich.
A
nutricionista Nancy Copperman disse que a fibra em dietas vegetarianas pode ser
o que está conduzindo a este traço de maior sobrevivência. “Não são apenas
frutas e legumes, mas todos os tipos de fibras [incluindo grãos integrais] que
parecem realmente reduzir os riscos à saúde”, disse ela. “O novo estudo empurra
a literatura que estamos construindo sobre o impacto que os grãos integrais,
frutas e vegetais pode ter sobre a saúde”.
Já
Rebecca Solomon, nutricionista no Mount Sinai Medical Center, em Nova York
(EUA), observou que as dietas à base de plantas podem ser benéficas apenas se
forem feitas com atenção e dedicação. “Você precisa ter certeza de que tem um
bom equilíbrio de nutrientes, apesar da omissão de alguns ou de todos os
produtos de origem animal”, acrescentou.
O
que ocorre, segundo ela, é que alguns vegetarianos podem exagerar nos
carboidratos e gorduras, o que pode levar ao ganho de peso e problemas de saúde
associados. “Meu conselho geral é que você não precisa ser um vegetariano para
melhorar sua saúde e expectativa de vida. Comer proteínas magras, como aves e
peixes, e seguir alguns dos princípios da dieta mediterrânea, que inclui
quantidades generosas de legumes, frutas e cereais integrais, sem carne
vermelha pode ser muito benéfico”, explica.
Para
uma vegana obstinada como Stephanie Prather, 45, no entanto, a notícia pode vir
sem nenhuma surpresa. Ela não come nenhum produto animal há mais de dois anos,
e chegou a mudar de carreira no meio do caminho para se tornar um chef de
pastelaria vegana. Não só ela se sentiu melhor, como perdeu cerca de 20 quilos
desde que excluiu todos os produtos de origem animal de sua dieta.
A
recente pesquisa segue outro estudo britânico divulgado em janeiro, o qual
mostrou que os vegetarianos tinham cerca de um terço menos risco de
hospitalização ou morte por doença cardiovascular do que as pessoas que
consumem carne regularmente.
O
estudo incluiu 45 mil pessoas da Inglaterra e da Escócia, sendo um terço
vegetariano. Segundo os resultados, estes tinham uma chance 32% menor de serem
hospitalizados ou morrerem de doença cardíaca. Eles também apresentavam menor
pressão arterial e níveis de colesterol mais baixo do que os não vegetarianos.